Lembro daquele livro que o meu pai guardava na dispensa, sobre regras de futebol. Lembro que era criança e que, no intervalo de brincar com as bonecas ou de assistir Vila Sésamo (sim, passava Vila Sésamo em Portugal, e não era a preto e branco. E sim, eles falavam português de Portugal), me escondia lá e lia o livro que, na época, era bastante confuso. "Tanta regra para chutar numa porcaria duma bola!", pensava eu.
Hoje, o meu pensamento não muda. Até porque sou daquelas que pensa que se as regras existem, são para serem cumpridas. Assim como o papel destinado a jogadores de futebol.
Lembro de quando a função do capitão não era para qualquer um. No livro do meu pai dizia algo como "ser um jogador experiente, ídolo da torcida e o único autorizado a conversar com o árbitro". E de fato era. Era o jogador mais antigo do time, respeitado por todos e, realmente, era o único que tinha autorização para conversar com o juiz.
Hoje isso se perdeu, especialmente essa última parte. Se for preciso, até faxineira do time (não desmerecendo a profissão, é só um exemplo) vai tirar satisfação com o árbitro. Lembro que quando eu era pequenina e o João Pinto era o capitão do Benfica (não contem a ninguém, mas até os meus nove anos, eu torcia para o Benfica, depois abri os olhos hehe), ou o Figo capitão do Sporting, só eles conversavam com o juiz na hora de reclamar de alguma falta. Era tudo muito respeitoso. E todos tinham uma admiração enorme pelo capitão do time.
Hoje em dia, quais são os critérios para se decidir por um capitão de time? Vendo o futebol brasileiro, chego à conclusão de que é o jogador mais caro/mais polêmico/mais famoso. Se, por um lado, isso pode ser bom para a torcida (geralmente o jogador mais famoso do time é o mais amado), por outro, não é necessariamente bom para a unidade do time, que vê aquele cara novo chegar (ou regressar) ao time e, em pouco tempo, receber a faixa no braço, apenas porque veio da Zoropa e acabou estrelando 8 de 10 comerciais de TV.
O capitão pode ser polêmico, famoso, amado ou odiado pela torcida. Mas, acima de tudo, ele precisa ser referência na equipe e, principalmente, ter espírito de liderança e amor à camisa. Exemplos claros disso no Brasil são, obviamente, Rogério Ceni e Marcos, do Palmeiras. Jogadores antigos nos respectivos elencos, eles são a prova viva de que, sim, é possível um jogador amar o time que defende (e não é isso que nós, torcedores, queremos ver nos jogadores?). Líder é aquele que é respeitado por todos (não aquele que recebe xingos de colega imaturo, 'tá, Edu Dracena?) e que, porque não?, tem opinião forte na contratação (ou escalação) de jogador.
Rogério, nós te amamos!
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